segunda-feira, 23 de junho de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS

Cada botonista, nesse universo em que vive, deve ter uma série de jogos inesquecíveis que não saem de seu pensamento. Partidas que poderiam ser consideradas normais, mas por um fato qualquer se tornaram importantes e povoam a memória de uma maneira curiosa. Muitas, nem sequer resolveram torneios ou campeonatos, mas ficaram gravadas para sempre.



Dentre as partidas que marcaram a minha vida de botonista, devo destacar algumas especiais. A primeira foi no ano de 1963, enfrentando a Paulo Luís Duarte Fabião, pelo campeonato interno da AABB. Estávamos empatados e esse seria o jogo decisivo de quem seria o primeiro campeão abebeano caxiense. Venci o jogo por 2 x1, com gols dos botões 11 e 3.
Partida contra Paulo Fabião, quando recebi meu  1º troféu em 1963
No dia 13 de junho de 1965, joguei contra Lenine Macedo de Souza, então presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa e que, ao se apresentar, disse ostentar o título de campeão brasileiro. Perdi esse jogo por 1 x 2, tendo o botão 9 marcado o meu gol. Foi a primeira partida jogada contra adversário que não era residente em minha cidade.
Em maio de 1966, joguei a primeira vez contra Vicente Sacco Netto e seu São Paulo. O resultado foi 1 x 1 e, novamente, o botão número 9 foi o autor do gol. Depois disso, foi o adversário que, durante o tempo que residiu em Caxias mais vezes  enfrentei ainda na Regra Gaúcha e depois na Brasileira.
Minha despedida da Regra Gaúcha foi uma partida memorável, em que enfrentei Sérgio Duro, que representava o Grêmio Porto-Alegrense, realizada no dia 28 de dezembro de 1966. Venci o jogo por 4 x 0, com gols dos botões 9, 8, 5 e 3. Dias após, estava seguindo para a Bahia para conseguir montar a Regra Brasileira com mais cinco amigos.
No regresso, depois de perder muitos jogos para amigos baianos, vim preparado e, na disputa do Torneio Inicio da AABB, de 1967, jogando na Regra Brasileira realizei seis jogos, em 18 de fevereiro de 1967, tendo marcado quinze gols e sem levar nenhum. Joguei contra Vicente Sacco Netto, Sérgio Calegari, Sylvio Puccinelli, Rubens Schumacher, Raymundo Vasques e Rubem Bergmann. Foi um feito memorável para mim, pois intimidei meus adversários, venci o Torneio e recebi um lindo troféu.
Em 20 de dezembro de 1967 foi promovida, pelo Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul, a Primeira Olimpíada Bancária. No futebol de mesa, venci a todos os meus adversários e fiz a final contra Sylvio Puccinelli, a quem venci por 3 x1, com gols dos botões 5, 8 e 11. Um lindo troféu comemorativo me foi entregue pelo presidente do Sindicato, colega Dauro Brandão de Mello.

Em 5 de maio de 1969, recebi a visita do amigo Valdir Szeckir, de Porto Alegre, com quem joguei duas partidas. Perdi uma por 2 x 3 e venci outra por 2 x 1, com gols dos botões 4 e 8 na primeira e dois do número 9, na segunda.
Valdir renato Szeckrir
Em 20 de novembro de 1969, o visitante veio de mais longe. Era Ivan Lima, de Recife, que de passagem por nossa cidade, participou de um Torneio Caxias x Recife, com a participação de Jorge Compagnoni e Airton Dalla Rosa. Venci-o por  4 x 3, com três gols do número 9 e um do 10. Estava me preparando para o primeiro campeonato brasileiro que seria realizado em janeiro de 1970, em Salvador (Bahia).
No dia 10 de janeiro de 1970, fiz a minha primeira partida em certames nacionais. Enfrentei a sergipano José Inácio dos Santos e nosso jogo terminou empatado em 1 x 1, com o meu gol marcado pelo botão 10.
No regresso realizei a mais importante partida, até então. Em 10 de fevereiro de 1970, contra o Almir Manfredini, vencendo-o por 5 x 4 conquistei o meu primeiro e único título de Campeão Caxiense. Os gols foram marcados pelos botões números 7, 8, 9, e mais dois pelo número 7, nessa ordem.
Em agosto de 1971, por ocasião do segundo Campeonato Brasileiro, realizado em Recife, tive duas partidas inesquecíveis. A primeira, enfrentando o meu irmão Oldemar Seixas; o placar marcava 1 x 2 favorável ao meu adversário. Quase no final da partida, consegui colocar uma bola difícil de ser tirada pelo Oldemar. Quando ele se preparava para fazer sua jogada, soou o final do jogo. Eu não havia solicitado que ele colocasse, pois era a vez dele jogar. Para mim, o jogo terminara e estendi a mão para cumprimentá-lo, quando o árbitro Antônio Pinto, pernambucano disse que o jogo não havia terminado. Havia o interesse de Pernambuco em que a Bahia perdesse pontos, pois estavam lutando passo a passo pela liderança do certame por equipes. O Oldemar ficou pálido, até pensei que fosse desmaiar, pois eu estava pronto para fazer o gol de empate, caso ele errasse a jogada. Isso afetou seu estado nervoso e ele errou. Solicitei que arrumasse o seu goleiro, pois iria chutar. Naquele momento, pensei comigo: o que adianta fazer esse gol e perder um grande amigo, pois está havendo má fé por parte do árbitro, querendo prejudicá-lo. Bati forte e a bolinha passou por cima do travessão. O gol marcado foi pelo número 9.
O segundo jogo foi contra o meu colega bancário Manoel Nerivaldo Lopes. Uma pessoa finíssima, que jogava pela Liga Guarabirense de Futebol de Mesa, cidade da Paraíba. Realizamos um jogo maravilhoso e o empate de 1 x 1 premiou nossos esforços. O gol foi obra do botão 7.
Nesse campeonato, teve uma terceira partida que ficou marcada em minha memória. Foi a final entre Roberto Dartanhã Costa Mello e Cezar Aureliano Zama. Fui o árbitro escolhido para dirigi-la. Foi um jogo esplêndido, com dois botonistas jogando de unha, sem que houvesse erro algum. Foi uma partida que só poderia ser decidida por alguma falha ocasional, independente da vontade dos dois disputantes. E assim foi, pois Dartanhã constrói uma jogada para chutar ao gol, mas que seria facilmente defendida pelo Cesar Zama. Acontece que o botão impulsionado pelo Cézar, em seu trajeto em direção à bolinha, trava a alguns centímetros da mesma. Implacável, Dartanhã chuta e marca, sagrando-se campeão brasileiro de 1971.
No dia 20 de junho de 1973, aconteceu o fato mais esdrúxulo na minha vida de botonista. Jogava contra Mário de Sá Mourão. Nesse jogo eu marquei cinco gols e perdi, pois consegui a proeza de marcar três gols contra. Os gols válidos para mim foram marcados pelos números 7 e 10. Os outros três foram rebatidas que voltaram e entraram em minha meta. Acredito que foi a única vitória do Sá Mourão, apelidado pelos baianos de Turista do Futebol de Mesa.
Na cidade de Brusque, eu consegui realizar boas partidas e fui campeão por três vezes. A partida que nunca saiu de minha cabeça foi quando venci o último campeonato, em 4 de janeiro de 1979. O campeonato era ainda pelo ano de 1978. Jogava contra Márcio José Jorge, que havia sido campeão em 1977. Venci o jogo por 2 x 0, com gols do Valdomiro, número 7. O primeiro gol foi uma pintura indescritível. A bolinha estava na entrada da área, quase na meia lua, e o único botão para jogar em condições era o Valdomiro que estava na lateral quase em linha reta com a bolinha. Pedi para arrumar o goleiro, pois iria chutar. Ele olhou para o botão, incrédulo, mediu e pensou, não acreditando na possibilidade de êxito. Coloquei a palheta em cima do botão e olhei fixamente para a bolinha. Quando larguei senti que iria conseguir o que desejava. E foi maravilhoso. Tocou na bolinha exatamente onde eu fixara e ela levanta e passa por cima do goleiro, aninhando-se no fundo das redes Naquele momento, eu ganhei jogo. O segundo gol foi consequência do primeiro. Foi o terceiro troféu que a Associação Brusquense destinava aos campeões; A Deusa da Vitória.
Para finalizar, falarei de um jogo que ficou marcado na memória do Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa. No dia 28 de julho de 1973, convidados pelo Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, para fazer uma apresentação da Regra Brasileira naquela cidade. Conosco foram Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa. Sala repleta de jovens praticantes do futebol de mesa, repórteres do Jornal e autoridades municipais. Jogariam Airton e Pizzamiglio numa mesa, e Marcos Barbosa e eu na outra. Nosso jogo foi amplamente dominado pelo Marcos e terminou o primeiro tempo 3 x 0. Eu estava mostrando como se jogava, e o Marcos estava jogando para valer. No segundo tempo, as coisas se modificaram e passei a jogar para valer e ele demonstrando. Final do jogo 4 x 3 para mim. Gols dos botões 6, 9,8 e 3. Não lembrava mais desse resultado, até nosso encontro por ocasião do Centro Sul, em Caxias, quando o Marcos narrou o jogo inteiro pra mim. Ele nunca esqueceu esse jogo, apesar de termos feito inúmeras partidas.
Contra Marcos Barbosa - a partida que ele nunca esquece
35 anos depois Sambaquy X Barbosa no Centro Sul de Caxias do Sul
Até a semana que vem, se Deus permitir.

4 comentários:

  1. LH.ROZA
    Tchê !!! já estou esperando pela próxima "coluna"...
    Ficamos no aguardo do LIVRO e/ou não seria melhor um ALMANAQUE ??? Pois o que não vai faltar são "HISTÓRIAS & ESTÓRIAS", contadas em cada encontro com esses fabulosos botonistas espalhados por essa nosso querido Brasil varonil ...
    Aqui da chuvosa Joinville 1 fort.e abraço





























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    1. Roza,
      Mandei encadernar as colunas e fiquei abismado com o tamanho do volume. Acredito que o livro que a AFM lançará em seu cinquentenário sairá em junho de 2015. Histórias e estórias tem bastante. E há ainda algumas que deverão ser contadas até lá, quando a Coluna será aposentada.
      Um abração daqui de Balneário com sol brilhando... escolhi melhor do que você...

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  2. Meu caro Sambaquy. Ainda estamos de recesso no botãobol, curtindo os festejos juninos e a Copa do Mundo. Seus jogos inesqueciveis me recordam o querido botonista PAULO FELINTO DE ALBUQUERQUE, hoje recluso na cidade de Rio Formoso, no litoral sul de Pernambuco. Ele tem catalogado todos os seus jogos desde priscas eras (anos 60). De minha parte, nunca fui constante na prática do futebol de botão. Nas minhas idas e vindas, guardo na memória alguns momentos inesqueciveis, não tão brilhantes como os seus. Um forte abração pernambucano, com muita canjica, pamonha, milho assado e bastante forró.

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    1. Meu festeiro amigo Abiud, Eu tenho anotado todos os jogos realizados, desde o ano de 1963, quando voltamos para valer, primeiro com a Liga Caxiense e depois com a Federação Riograndense que praticavam a Regra Gaúcha. Depois migramos para a Regra Brasileira. Sempre anotei e os meus goleadores inclusive.
      Boas festas para você, coisa que aqui no sul não é muito comum. No meu tempo de infância existiam as fogueiras, mas na atualidade nem isso se vê mais. Abração gaúcho/catarinense e colorado.

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