Cada botonista, nesse universo em
que vive, deve ter uma série de jogos inesquecíveis que não saem de seu
pensamento. Partidas que poderiam ser consideradas normais, mas por um fato
qualquer se tornaram importantes e povoam a memória de uma maneira curiosa.
Muitas, nem sequer resolveram torneios ou campeonatos, mas ficaram gravadas
para sempre.
Dentre as partidas que marcaram a
minha vida de botonista, devo destacar algumas especiais. A primeira foi no ano
de 1963, enfrentando a Paulo Luís Duarte Fabião, pelo campeonato interno da
AABB. Estávamos empatados e esse seria o jogo decisivo de quem seria o primeiro
campeão abebeano caxiense. Venci o jogo por 2 x1, com gols dos botões 11 e 3.
Partida contra Paulo Fabião, quando recebi meu 1º troféu em 1963 |
No dia 13 de junho de 1965,
joguei contra Lenine Macedo de Souza, então presidente da Federação
Riograndense de Futebol de Mesa e que, ao se apresentar, disse ostentar o título
de campeão brasileiro. Perdi esse jogo por 1 x 2, tendo o botão 9 marcado o meu
gol. Foi a primeira partida jogada contra adversário que não era residente em
minha cidade.
Em maio de 1966, joguei a
primeira vez contra Vicente Sacco Netto e seu São Paulo. O resultado foi 1 x 1
e, novamente, o botão número 9 foi o autor do gol. Depois disso, foi o
adversário que, durante o tempo que residiu em Caxias mais vezes enfrentei ainda na
Regra Gaúcha e depois na Brasileira.
Minha despedida da Regra Gaúcha
foi uma partida memorável, em que enfrentei Sérgio Duro, que representava o
Grêmio Porto-Alegrense, realizada no dia 28 de dezembro de 1966. Venci o jogo
por 4 x 0, com gols dos botões 9, 8, 5 e 3. Dias após, estava seguindo para a
Bahia para conseguir montar a Regra Brasileira com mais cinco amigos.
No regresso, depois de perder
muitos jogos para amigos baianos, vim preparado e, na disputa do Torneio Inicio
da AABB, de 1967, jogando na Regra Brasileira realizei seis jogos, em 18 de
fevereiro de 1967, tendo marcado quinze gols e sem levar nenhum. Joguei contra
Vicente Sacco Netto, Sérgio Calegari, Sylvio Puccinelli, Rubens Schumacher,
Raymundo Vasques e Rubem Bergmann. Foi um feito memorável para mim, pois
intimidei meus adversários, venci o Torneio e recebi um lindo troféu.
Em 20 de dezembro de 1967 foi
promovida, pelo Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul, a Primeira Olimpíada
Bancária. No futebol de mesa, venci a todos os meus adversários e fiz a final
contra Sylvio Puccinelli, a quem venci por 3 x1, com gols dos botões 5, 8 e 11.
Um lindo troféu comemorativo me foi entregue pelo presidente do Sindicato,
colega Dauro Brandão de Mello.
Em 5 de maio de 1969, recebi a
visita do amigo Valdir Szeckir, de Porto Alegre, com quem joguei duas partidas.
Perdi uma por 2 x 3 e venci outra por 2 x 1, com gols dos botões 4 e 8 na
primeira e dois do número 9, na segunda.
Valdir renato Szeckrir |
Em 20 de novembro de 1969, o
visitante veio de mais longe. Era Ivan Lima, de Recife, que de passagem por
nossa cidade, participou de um Torneio Caxias x Recife, com a participação de
Jorge Compagnoni e Airton Dalla Rosa. Venci-o por 4 x 3, com três gols do número 9 e um do 10.
Estava me preparando para o primeiro campeonato brasileiro que seria realizado
em janeiro de 1970, em Salvador (Bahia).
No dia 10 de janeiro de 1970, fiz
a minha primeira partida em certames nacionais. Enfrentei a sergipano José
Inácio dos Santos e nosso jogo terminou empatado em 1 x 1, com o meu gol
marcado pelo botão 10.
No regresso realizei a mais
importante partida, até então. Em 10 de fevereiro de 1970, contra o Almir
Manfredini, vencendo-o por 5 x 4 conquistei o meu primeiro e único título de
Campeão Caxiense. Os gols foram marcados pelos botões números 7, 8, 9, e mais
dois pelo número 7, nessa ordem.
Em agosto de 1971, por ocasião do
segundo Campeonato Brasileiro, realizado em Recife, tive duas partidas
inesquecíveis. A primeira, enfrentando o meu irmão Oldemar Seixas; o placar
marcava 1 x 2 favorável ao meu adversário. Quase no final da partida, consegui
colocar uma bola difícil de ser tirada pelo Oldemar. Quando ele se preparava
para fazer sua jogada, soou o final do jogo. Eu não havia solicitado que ele
colocasse, pois era a vez dele jogar. Para mim, o jogo terminara e estendi a
mão para cumprimentá-lo, quando o árbitro Antônio Pinto, pernambucano disse que
o jogo não havia terminado. Havia o interesse de Pernambuco em que a Bahia
perdesse pontos, pois estavam lutando passo a passo pela liderança do certame
por equipes. O Oldemar ficou pálido, até pensei que fosse desmaiar, pois eu
estava pronto para fazer o gol de empate, caso ele errasse a jogada. Isso
afetou seu estado nervoso e ele errou. Solicitei que arrumasse o seu goleiro,
pois iria chutar. Naquele momento, pensei comigo: o que adianta fazer esse gol
e perder um grande amigo, pois está havendo má fé por parte do árbitro, querendo
prejudicá-lo. Bati forte e a bolinha passou por cima do travessão. O gol
marcado foi pelo número 9.
O segundo jogo foi contra o meu
colega bancário Manoel Nerivaldo Lopes. Uma pessoa finíssima, que jogava pela
Liga Guarabirense de Futebol de Mesa, cidade da Paraíba. Realizamos um jogo
maravilhoso e o empate de 1 x 1 premiou nossos esforços. O gol foi obra do
botão 7.
Nesse campeonato, teve uma
terceira partida que ficou marcada em minha memória. Foi a final entre Roberto
Dartanhã Costa Mello e Cezar Aureliano Zama. Fui o árbitro escolhido para
dirigi-la. Foi um jogo esplêndido, com dois botonistas jogando de unha, sem que
houvesse erro algum. Foi uma partida que só poderia ser decidida por alguma
falha ocasional, independente da vontade dos dois disputantes. E assim foi,
pois Dartanhã constrói uma jogada para chutar ao gol, mas que seria facilmente
defendida pelo Cesar Zama. Acontece que o botão impulsionado pelo Cézar, em seu
trajeto em direção à bolinha, trava a alguns centímetros da mesma. Implacável,
Dartanhã chuta e marca, sagrando-se campeão brasileiro de 1971.
No dia 20 de junho de 1973,
aconteceu o fato mais esdrúxulo na minha vida de botonista. Jogava contra Mário
de Sá Mourão. Nesse jogo eu marquei cinco gols e perdi, pois consegui a proeza
de marcar três gols contra. Os gols válidos para mim foram marcados pelos
números 7 e 10. Os outros três foram rebatidas que voltaram e entraram em minha
meta. Acredito que foi a única vitória do Sá Mourão, apelidado pelos baianos de
Turista do Futebol de Mesa.
Na cidade de Brusque, eu consegui
realizar boas partidas e fui campeão por três vezes. A partida que nunca saiu
de minha cabeça foi quando venci o último campeonato, em 4 de janeiro de 1979.
O campeonato era ainda pelo ano de 1978. Jogava contra Márcio José Jorge, que
havia sido campeão em 1977. Venci o jogo por 2 x 0, com gols do Valdomiro,
número 7. O primeiro gol foi uma pintura indescritível. A bolinha estava na entrada
da área, quase na meia lua, e o único botão para jogar em condições era o
Valdomiro que estava na lateral quase em linha reta com a bolinha. Pedi para
arrumar o goleiro, pois iria chutar. Ele olhou para o botão, incrédulo, mediu e
pensou, não acreditando na possibilidade de êxito. Coloquei a palheta em cima
do botão e olhei fixamente para a bolinha. Quando larguei senti que iria
conseguir o que desejava. E foi maravilhoso. Tocou na bolinha exatamente onde
eu fixara e ela levanta e passa por cima do goleiro, aninhando-se no fundo das
redes Naquele momento, eu ganhei jogo. O segundo gol foi consequência do
primeiro. Foi o terceiro troféu que a Associação Brusquense destinava aos
campeões; A Deusa da Vitória.
Para finalizar, falarei de um
jogo que ficou marcado na memória do Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa. No dia 28
de julho de 1973, convidados pelo Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, para
fazer uma apresentação da Regra Brasileira naquela cidade. Conosco foram Luiz
Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa. Sala repleta de jovens praticantes do
futebol de mesa, repórteres do Jornal e autoridades municipais. Jogariam Airton
e Pizzamiglio numa mesa, e Marcos Barbosa e eu na outra. Nosso jogo foi
amplamente dominado pelo Marcos e terminou o primeiro tempo 3 x 0. Eu estava
mostrando como se jogava, e o Marcos estava jogando para valer. No segundo
tempo, as coisas se modificaram e passei a jogar para valer e ele demonstrando.
Final do jogo 4 x 3 para mim. Gols dos botões 6, 9,8 e 3. Não lembrava mais
desse resultado, até nosso encontro por ocasião do Centro Sul, em Caxias,
quando o Marcos narrou o jogo inteiro pra mim. Ele nunca esqueceu esse jogo,
apesar de termos feito inúmeras partidas.
Contra Marcos Barbosa - a partida que ele nunca esquece |
35 anos depois Sambaquy X Barbosa no Centro Sul de Caxias do Sul |
Até a semana que vem, se Deus
permitir.
LH.ROZA
ResponderExcluirTchê !!! já estou esperando pela próxima "coluna"...
Ficamos no aguardo do LIVRO e/ou não seria melhor um ALMANAQUE ??? Pois o que não vai faltar são "HISTÓRIAS & ESTÓRIAS", contadas em cada encontro com esses fabulosos botonistas espalhados por essa nosso querido Brasil varonil ...
Aqui da chuvosa Joinville 1 fort.e abraço
Roza,
ExcluirMandei encadernar as colunas e fiquei abismado com o tamanho do volume. Acredito que o livro que a AFM lançará em seu cinquentenário sairá em junho de 2015. Histórias e estórias tem bastante. E há ainda algumas que deverão ser contadas até lá, quando a Coluna será aposentada.
Um abração daqui de Balneário com sol brilhando... escolhi melhor do que você...
Meu caro Sambaquy. Ainda estamos de recesso no botãobol, curtindo os festejos juninos e a Copa do Mundo. Seus jogos inesqueciveis me recordam o querido botonista PAULO FELINTO DE ALBUQUERQUE, hoje recluso na cidade de Rio Formoso, no litoral sul de Pernambuco. Ele tem catalogado todos os seus jogos desde priscas eras (anos 60). De minha parte, nunca fui constante na prática do futebol de botão. Nas minhas idas e vindas, guardo na memória alguns momentos inesqueciveis, não tão brilhantes como os seus. Um forte abração pernambucano, com muita canjica, pamonha, milho assado e bastante forró.
ResponderExcluirMeu festeiro amigo Abiud, Eu tenho anotado todos os jogos realizados, desde o ano de 1963, quando voltamos para valer, primeiro com a Liga Caxiense e depois com a Federação Riograndense que praticavam a Regra Gaúcha. Depois migramos para a Regra Brasileira. Sempre anotei e os meus goleadores inclusive.
ExcluirBoas festas para você, coisa que aqui no sul não é muito comum. No meu tempo de infância existiam as fogueiras, mas na atualidade nem isso se vê mais. Abração gaúcho/catarinense e colorado.